Piper methysticum G. Forst.

Kava-kava, pimenta-embriagante, tonga e kew.

Família 
Informações gerais 

Nativa de Vanuatu na Oceania (incluindo Micronésia, Polinésia e Melanésia). Encontrada na Austrália, Europa, Nova Zelândia e América do Norte. Suas principais indicações são: anti-inflamatória, ansiolítica, sedativa, analgésica, antioxidante, antimicrobiana, imunomoduladora, antitumoral, anticonvulsivante, relaxante muscular, antiespasmódica, antitrombótica, diurética, estimulante e tônica[1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21].

Referências informações gerais
1 - GARCÍA, E. C.; SOLÍS, I. M. Manual de fitoterapia. 2 ed. Barcelona: Elsevier, 2016, p. 383.
2 - GRUENWALD, J. et al. PDR for Herbal Medicines. Montvale: Economics Company, Inc, 2000, p. 443.
3 - FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 3. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 30.
4 - SARRIS, J. et al. Herbal medicine for depression, anxiety and insomnia: a review of psychopharmacology and clinical evidence. Eur Neuropsychopharmacol, v. 21, n. 12, p.841-860, 2011. doi: 10.1016/j.euroneuro.2011.04.002
5 - BRUNETTI, P. et al. Pharmacology of herbal sexual enhancers: a review of psychiatric and neurological adverse effects. Pharmaceuticals (Basel), v. 13, n. 10, p.1-51, 2020. doi: 10.3390/ph13100309
6 - KHAN, A. et al. Anti-anxiety properties of selected medicinal plants. Curr Pharm Biotechnol, v. 23, n. 8, p.1041-1060, 2022. doi: 10.2174/1389201022666210122125131
7 - SOARES, R. B. et al. An updated review on the psychoactive, toxic and anticancer properties of kava. J Clin Med, v. 11, n. 14, p.1-23, 2022. doi: 10.3390/jcm11144039
8 - MOJAVERROSTAMI, S. et al. A Review of herbal therapy in multiple sclerosis. Adv Pharm Bull, v. 8, n. 4, p.575-590, 2018. doi: 10.15171/apb.2018.066
9 - CARLINI, E. A. et al. Plants and the central nervous system. Pharmacol Biochem Behav, v. 75, n. 3, p.501-512, 2003. doi: 10.1016/s0091-3057(03)00112-6
10 - SARRIS, J. et al. Kava: a comprehensive review of efficacy, safety, and psychopharmacology. Aust N Z J Psychiatry, v. 45, n. 1, p.27-35, 2011. doi: 10.3109/00048674.2010.522554
11 - BILIA, A. R. et al. Kava-kava and anxiety: growing knowledge about the efficacy and safety. Life Sci, v. 70, n. 22, p.2581-2597, 2002. doi: 10.1016/s0024-3205(02)01555-2
12 - OOI, S. L. et al. Kava for generalized anxiety disorder: a review of current evidence. J Altern Complement Med, v. 24, n. 8, p.770-780, 2018. doi: 10.1089/acm.2018.0001
13 - SARRIS, J. et al. Herbal medicines in the treatment of psychiatric disorders: a systematic review. Phytother Res, v. 21, n. 8, p.703-716, 2007. doi: 10.1002/ptr.2187
14 - SINGH, Y. N.; SINGH, N. N. Therapeutic potential of kava in the treatment of anxiety disorders. CNS Drugs, v. 16, n. 11, p.731-743, 2002. doi: 10.2165/00023210-200216110-00002
15 - PITTLER, M. H.; ERNST, E. PITTLER, M. H.; ERNST, E. Kava extract for treating anxiety. Cochrane Database Syst Rev, n. 1, p.1-18, 2003.  doi: 10.1002/14651858.CD003383
16 - SARRIS, J. et al. Plant-based medicines for anxiety disorders, part 2: a review of clinical studies with supporting preclinical evidence. CNS Drugs, v. 27, n. 4, p.301-319, 2013. doi: 10.1007/s40263-013-0059-9
17 - ERNST, E. et al. Herbal remedies for anxiety - a systematic review of controlled clinical trials. Phytomedicine, v. 13, n. 3, p.205-208, 2006.  doi: 10.1016/j.phymed.2004.11.006
18 - SHI, Y. et al. Herbal insomnia medications that target GABAergic systems: a review of the psychopharmacological evidence. Curr Neuropharmacol, v. 12, n. 3, p.289-302, 2014. doi: 10.2174/1570159X11666131227001243
19 - SAAD, G. de A. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021, p. 384-387.
20 - BARNES, J. et al. Herbal Medicines. 3 ed. London: Pharmaceutical Press, 2007, p.389-402.
21 - GRUENWALD, J. et al. PDR for Herbal Medicines. Montvale: Economics Company, Inc, 2000, p. 443-446.
Descrição da espécie 

Arbusto perene, dioico, com cerca de 2 a 3 m de altura; folhas cordadas, pontiagudas, com 8 a 28 cm de comprimento x 10 a 22 cm de largura, lisas, verdes de ambos os lados, com 9 a 13 nervuras principais ligeiramente macias na parte inferior, possui grandes estípulas; flores pequenas dispostas em inflorescências esbranquiçadas, espigadas, de 3 a 9 cm de comprimento, sendo as femininas mais altas; fruto pequeno em baga, com 1 semente no seu interior; possui rizoma maciço, cilíndrico, esponjoso, ramificado, muito suculento, com muitas raízes, de coloração cinza-escuras externamente e esbranquiçadas internamente, a parte central é porosa, com finos feixes lenhosos irregularmente retorcidos, separados por largos raios medulares[1,2,3].

Referências descrição da espécie
1 - WANG, Y.  et al. Biological activity, hepatotoxicity, and structure-activity relationship of kavalactones and flavokavins, the two main bioactive components in kava (Piper methysticum). Evid Based Complement Alternat Med, p.1-14, 2021. doi: 10.1155/2021/6851798
2 - BIAN, T. et al. Kava as a clinical nutrient: promises and challenges. Nutrients, v. 12, n. 10, p.1-34, 2020.  doi: 10.3390/nu12103044
3 - NAWROT, J. et al. medicinal herbs in the relief of neurological, cardiovascular, and respiratory symptoms after COVID-19 infection a literature review. Cells, v. 11, n. 12, p.1-25, 2022. doi: 10.3390/cells11121897
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências
- Havaí (nativos) -

Ansiolítica, antiasmática, reguladora do sono, redutora da fadiga, antiespasmódica e nos casos de problemas menstruais.

-

-

-

[ 1 ]
- Ilhas da região do Pacífico -

Anti-infecciosa urinária, antissifilítica, antigonorreica, redutora de peso e antiarrítmico.

-

-

-

[ 1 ]

Referências bibliográficas

1 - SAAD, G. de A. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021, p. 386.

Ansiolítica

Ansiolítica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato. Padronizado com: 30% de kavalactonas. Dose para ensaio: 40 mg/kg.

In vitro:

Em homogenato de tecido cerebral incubado com o extrato vegetal, com posterior análise da atividade da MAO.

 

In vivo:

Em camundongos Swiss portadores de comportamento estereotipado induzido por anfetamina, pré-tratados com o extrato vegetal, com posterior análise dos testes do labirinto em cruz elevado e em Y, campo aberto, estereotipia e interação social.

O extrato de P. methysticum apresenta atividade ansiolítica, além de reduzir o comportamento estereotipado induzido pela anfetamina.

[ 11 ]
Raiz

Extrato seco (LI 150): a partir do extrato etanólico a 96%. Padronizado com: 30% de kavapironas. Doses para ensaio: 120 a 240 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos ao tratamento agudo com o extrato vegetal, com posterior análise do teste do labirinto em cruz elevado.

O extrato de P. methysticum apresenta atividade ansiolítica comparável ao diazepam.

[ 20 ]
-

Extrato. Padronizado com: 84% de kavalactonas. Doses para ensaio: 300 a 560 mg/kg e 1,0 a 13,0 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Sprague-Dawley tratados com o extrato vegetal ou clordiazepóxido (benzodiazepínico) e submetidos ao teste de discriminação após treinamento.

O extrato de P. methysticum apresenta atividade ansiolítica, sugerindo um mecanismo de ação semelhante ao clordiazepóxido, porém menos potente.

[ 22 ]

Ansiolítica e Sedativa

Ansiolítica e Sedativa
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: 20 g do material vegetal (pó) em 200 mL de etanol a 95%, posteriormente em éter de petróleo. Rendimento: 2,6%. Dose para ensaio: 32 a 316 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos BALB/cByJ submetidos a ensaios de análise comportamental (evitação de câmara espalhada, labirinto em cruz elevado e atividade locomotora).

O extrato de P. methysticum apresenta atividade ansiolítica e sedativa, contudo não envolvem os receptores benzodiazepínico (GABAA).

[ 8 ]

Anticonvulsivante

Anticonvulsivante
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Caule (casca, caule sem ou com casca)

Extrato: 50 g do material vegetal (pó) em 200 mL de água. Concentrações para ensaio: 25 a 100 mg/mL.

In vitro:

Em peixe-zebra (Danio rerio) portadores de convulsões induzida por pentilenotetrazol, pré-expostos a ambiente (tanque com água) contendo os extratos vegetais, com posterior análise de parâmetros comportamentais (natação) e expressão de NF-kB e BDNF em tecido cerebral.

 

O extrato do caule sem cascas de P. methysticum apresenta atividade anticonvulsivante mais potente, principalmente na concentração de 50 mg/kg.

[ 14 ]

Antinociceptiva

Antinociceptiva
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato etanólico seco. Doses para ensaio: 1 a 8 mg/kg.

In vitro:

Em culturas de Salmonella enterica, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Enterococcus faecalis, Acinetobacter baummani, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Shigella flexnelli, Candida albicans, Cryptococcus gattii, C. neoformans, Trichophyton interdigitale, T. rubrum, Aspergillus fumigatus e Microsporum gypseum submetidas ao teste de microdiluição em ágar para determinar a concentração inibitória mínima (CIM).

 

In vivo:

Em camundongos Swiss tratados com o extrato vegetal, submetidos aos testes da placa quente e rota-rod.

O extrato de P. methysticum apresenta atividade antinociceptiva, contudo, não demonstra ação antimicrobiana significativa.

[ 10 ]

Antitumoral

Antitumoral
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: 50 g de material vegetal (pó) em 1,75 L em água. Concentrações para ensaio: 0,8 a 100 µg/mL. Outra espécie em estudo: Hibiscus tiliaceus.

In vitro:

Em cultura de células humanas de câncer de cólon (HT29) e de mama (MCF7), e células epiteliais intestinais normais de ratos (IEC-6), incubadas com os extratos vegetais (associados ou não), com posterior análise da proliferação celular (MTT).

 

O extrato de P.  methysticum apresenta atividade antitumoral, principalmente em associação com H. tiliaceus.

[ 6 ]

Estimuladora da melanogênese

Estimuladora da melanogênese
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha, caule e rizoma

Extrato: 10 g de material vegetal (pó) em etanol a 50%. Rendimentos: 9,3, 14,0 e 8,0%, respectivamente. Outras espécies em estudo: Piper longum, P. kadsura, P. betle e P. cubeba.

In vitro:

Em cultura de células de melanoma murino (B16) incubadas com extratos vegetais, com posterior análise dos níveis de melanina e proliferação celular.

 

Os extratos dos rizomas de P. methysticum e das folhas de P. nigrum apresentam atividade estimuladora da melanogênese mais potente.

[ 4 ]

Inibe parâmetros comportamentais e Aumenta níveis de monoaminas cerebrais

Inibe parâmetros comportamentais e Aumenta níveis de monoaminas cerebrais
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: material vegetal (pó) em água. Concentrações para ensaio: 5 a 50 mg/L.

In vitro:

Em peixe-zebra (Danio rerio) submetidos a imersão ao extrato vegetal (tratamento agudo e crônico), com posterior análise da ansiedade, agressão e sociabilidade (testes do tanque, claro-escuro, de cardume e de preferência e agressão), níveis de cortisol corporal (ELISA) e de dopamina, ácido di-hidroxifenilacético, norepinefrina, serotonina e ácido 5- hidroxiindolacético no cérebro (CLAE) e expressão de C3, C4B, EMP-1, S100a, CD11b, MHC-2, iNOS, Egr-2, CD206, Arg-1, IL-1β, IL-6, TNF-α, IL-4, GR, MR, caspase-3, caspase-9, Bcl-2 e Bax (mRNA).

 

O uso agudo ou crônico do extrato de P. methysticum inibe os parâmetros comportamentais, aumenta os níveis das monoaminas cerebrais, altera a expressão de biomarcadores microgliais, astrocitários, epigenéticos, pró-inflamatórios e apoptóticos, contudo, não demonstra sinais de abstinência.

[ 9 ]

Inibidora da MAO

Inibidora da MAO
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato. Padronizado com: 30% de kavalactonas. Concentrações para ensaio: 10 a 100 µg/mL. Doses para ensaio: 10 a 400 mg/kg.

In vitro:

Em cérebros totais de camundongos Swiss incubados com o extrato vegetal, com posterior análise da atividade de MAO-A e MAO-B, na presença de lorgilina (inibidor seletivo de MAO-A) e pargilina (inibidor seletivo de MAO-B).

 

In vivo:

Em camundongos Swiss tratados com o extrato vegetal, submetidos aos testes de labirinto em cruz elevado e campo aberto, e atividade da enzima MAO em homogenato do córtex, hipocampo, região contendo substância negra e estriado.

O extrato de P. methysticum inibe a atividade da enzima MAO-B, no córtex e na região contendo substância negra, principalmente nas concentrações de 30 e 100 µg/mL e na dose de 100 mg/kg.

[ 12 ]

Interação com receptores do SNC

Interação com receptores do SNC
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Folha e raiz

Extrato: material vegetal em (pó) em metanol. Concentrações para ensaio: 0,01 a 1000 µg/mL.

In vitro:

Determinar os efeitos dos extratos vegetais em receptores benzodiazepínicos, dopaminérgicos (D2), gabaérgicos (GABAA), opioides (µ e δ), histamínicos (H1 e H2) e de serotoninérgicos (5-HT6 e 5-HT7).

 

O extrato das folhas de P. methysticum apresenta interação mais potente aos receptores GABAA, D2, opioides e histamínicos, se comparado ao extrato das raízes.

[ 7 ]

Neuroprotetora

Neuroprotetora
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato (WS 1490): contendo 70% de kavalactonas. Dose para ensaio: 150 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos NMRI portadores de isquemia cerebral, induzida por coagulação microbipolar da artéria cerebral média esquerda (MCA), tratados com o extrato vegetal, com posterior análise do volume e área do acidente vascular cerebral isquêmico.

O extrato de P. methysticum apresenta atividade neuroprotetora promissora.

[ 3 ]

Pró-inflamatória

Pró-inflamatória
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz e caule

Extrato: material vegetal (raiz e caule, 80:20, pó) em água. Outra espécie em estudo: Hibiscus tiliaceus.

In vitro:

Em células de leucemia basofílica de ratos (RBL2H3), estimuladas com DNP (KLH-DNP), na presença ou ausência dos extratos vegetais, com posterior análise de liberação de beta-hexoseaminidase por mastócitos, níveis de cálcio intracelular livre em mastócitos e degranulação de mastócitos.

 

O extrato de P. methysticum apresenta atividade pró-inflamatória, por ativação dos mastócitos, sendo potencializada quando associado a H. tiliaceus.

[ 18 ]
Ensaios toxicológicos

Citotoxicidade

Citotoxicidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: 2 g de KAVOA (extrato de dióxido de carbono supercrítico, rico em kavalactona) ou 4 g do material vegetal em 25 mL de água.

In vitro:

Em cultura de células HepG2 incubadas com os extratos vegetais, com posterior análise da viabilidade e toxicidade celular.

 

Os extratos de P. methysticum não apresentam sinais de citotoxicidade.

[ 1 ]

Citotoxicidade e Mutagenicidade

Citotoxicidade e Mutagenicidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato aquoso seco (Kaviar® e KavaPure®). Padronizados com: 149 e 151 mg/g de kavalactonas, respectivamente. Concentrações para ensaio: 0 a 400 µg/mL.

In vitro:

Em células de linfoma de camundongo L5178Y incubadas com a fração S9 de fígado humano e extratos vegetais, com posterior análise de mutagenicidade e citotoxicidade.

 

Os extratos de P.  methysticum não apresentam mutagenicidade e hepatotoxicidade.

[ 16 ]

Hepatotoxicidade

Hepatotoxicidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: padronizado com 80% ou mais de kavalactonas e suco liofilizado (cápsula de 425 mg). Doses para ensaio: 1,5 (e diluições 1/10) e 10 mL/kg, respectivamente.

In vivo:

Em ratos SD tratados com o extrato vegetal, com posterior análise da atividade catalítica de CYP1A em microssomos hepáticos (ensaio fluométrico), expressão de proteínas microssomais (Western blotting) e genes hepáticos CYP1A1, CYP1A2 e CP (RT-PCR).

O extrato de P. methysticum em altas doses apresenta hepatotoxicidade, aumentando a expressão de CYP1A1, bem como sua atividade catalítica.

[ 13 ]
Raiz

Extrato seco (liofilizado): maceração do material vegetal em água. Doses para ensaio: 200 e 500 mg de kavalactonas/kg.

In vivo:

Em ratos Sprague-Dawley tratados com extrato vegetal, com posterior análise de parâmetros bioquímicos (ALT, AST, ALP e LDH) e peroxidação lipídica em homogenato hepático.

O extrato de P. methysticum não apresenta sinais de hepatotoxicidade significativos.

[ 21 ]

Hepatotoxicidade e Interação medicamentosa

Hepatotoxicidade e Interação medicamentosa
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato etanólico.

In vitro:

Determinar a atividade inibitória de isoformas do citocromo P450 humano (CYP1A2, CYP2A6, CYP2C9, CYP2C19, CYP2D6, CYP2E1 e CYP3A4).

Em hepatócitos humanos incubados com o extrato vegetal, com posterior análise de viabilidade celular (ATP) e inibição enzimática (HPLC).

 

O extrato de P. methysticum apresenta atividade inibitória das isoformas CYP1A2, 2C9, 2C19, 2E1 e 3A4, além de potencial hepatotóxico (metisticina).

[ 5 ]

Interação medicamentosa

Interação medicamentosa
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato: 500 mg do material vegetal em 10 mL de metanol a 80% (v/v). Outras espécies em estudo: Harpagophytum procumbens, Tanacetum parthenium, Polygonum multiflorum, Mentha piperita, Eucalyptus globulus, Trifolium pratense e Citrus paradisi.

In vitro:

Determinar a atividade inibitória de proteínas do citocromo P450 (CYP1A2, 2C8, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4) em células de insetos infectadas com baculovírus por Cromatografia Líquida/Espectrometria de Massas (LC/MS).

 

O extrato de P. methysticum apresenta atividade inibitória para CYP1A2, 2C9 e 2C19 (CI50 = 20 e 100 µg/mL) e CYP2C8, 2D6 e 3A4 (CI50 = 100 e 500 µg/mL).

[ 19 ]

Interação medicamentosa (midazolam e fexofenadina)

Interação medicamentosa (midazolam e fexofenadina)
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Cápsula: contendo 75 mg do extrato seco vegetal. Padronizado com: 22,5 mg de kavalactonas. Concentração para ensaio (in vitro): 150 µg/mL. Dose para ensaio (in vivo): 5 mg/kg. Outra espécie em estudo: Valeriana officinalis.

In vitro:

Em cultura de células Caco-2 incubadas com os extratos vegetais, com posterior análise da viabilidade celular (MTT) e captação do substrato P-gp fexofenadina.

 

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos a administração dos extratos vegetais, midazolam e cetoconazol, com posterior análise de parâmetros farmacocinéticos.

Os extratos de P. methysticum e V. officinalis inibem o metabolismo intestinal de midazolam, contudo, apenas P. methysticum aumenta a captação de fexofenadina.

[ 2 ]

Mutagenicidade

Mutagenicidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato. Doses para ensaio (in vivo): 0 a 2,0 g/kg.

In vitro:

Determinar a mutagenicidade em cepas de Salmonella typhimurium, Escherichia coli e eritrócito do sangue periférico de camundongos.

 

In vivo:

Em camundongos B6C3F1 e ratos F344/N tratados com o extrato vegetal, submetidos ao teste de toxicidade crônica (2 semanas, 3 meses e 2 anos).

O uso crônico do extrato de P. methysticum não apresenta mutagenicidade, contudo, possui potencial carcinogênico.

[ 23 ]

Sinais de toxicidade

Sinais de toxicidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato. Padronizado com: 96% de kavalactonas. Doses para ensaio: 0 a 2,0 g/kg. 0 a 400 mg/mL.

In vivo:

Em ratos F344 submetidos a administração do extrato vegetal, com posterior análise de parâmetros hematológicos, bioquímicos (SDH, ALP, CK, PT, ALB, BUN, ALT, GGT, SGPT, TG, colesterol, glicose e ácidos biliares), histopatológicos (fígado, timo, rim, testículo, coração e pulmão) e níveis de CYP1A2, 2B1, 2E1 e 3A1 em tecido hepático (Imuno-histoquímica).

O extrato de P. methysticum apresenta sinais de toxicidade e requer cautela, exceto na dose de 0,25 g/kg.

[ 17 ]

Toxicidade aguda

Toxicidade aguda
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato etanólico seco. Doses para ensaio: 2000 mg/kg.

In vivo:

Em camundongos Swiss submetidos ao teste de toxicidade aguda.

O extrato de P. methysticum não apresenta sinais de toxicidade até a dose de 2000 mg/kg.

[ 10 ]
Caule (casca, caule sem ou com casca)

Extrato: 50 g do material vegetal (pó) em 200 mL de água. Dose para ensaio: 100 mg/L.

In vitro:

Em peixe-zebra (Danio rerio) submetidos ao teste de toxicidade aguda (em tanque de água com capacidade de 1 L).

 

O extrato do caule sem casca de P. methysticum não apresenta sinais de toxicidade (mortalidade) nas concentrações em estudo, exceto os extratos do caule com casca ou somente da casca.

[ 14 ]

Toxicidade crônica

Toxicidade crônica
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato etanólico (Kavasedon®). Padronizado com: 47,4% de kavalactonas. Doses para ensaio: 7,3 e 73 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos ao teste de toxicidade crônica.

O extrato de P. methysticum não apresenta sinais de toxicidade significativos, especialmente hepáticos.

[ 15 ]

Referências bibliográficas

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Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 , 9 , 10 , 11 , 12 , 13 , 14 ]
Marcador:
kavalactonas
Principais substâncias:

Alcaloides

pipermetistina, avaína e cefaradiona A.

Álcoois alifáticos

docosan-1-ol, dodecan-1-ol, eicosan-1-ol, hexacosan-1-ol, hexadecan-1-ol, octadecan-1-ol, n-tetradecanol e transphitol.

Chalconas

flavocavina A, B e C, pinostrobina, 5,7-dimetoxiflavanona e matteucinol.

Ésteres

bornil cinnamato e bornil 3,4-methilenedioxicinnamato.

Esteróis

sitosterol, estigmasterol e estigmastanol.

Flavonoides

pinostrobina e 5,7-dimetoxiflavanona.

Kavalactonas ou kavapironas

metisticina, 7,8-di-hidromethistina, kavaína, 7,8-di-hidrokavaína, yangonina, desmetoxi-yagonina, diyangoninas A, B e C.

Minerais

alumínio, ferro, magnésio, potássio, cálcio e sódio.

Mucilagens

Outras substâncias

ácido cinâmico.

Referências bibliográficas

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Tipo: Nacional
Tipo de Monografia: Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira
Ano de Publicação: 2016
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Tipo: Internacional
Tipo de Monografia: Organização Mundial de Saúde
Ano de Publicação: 2002
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Tipo: Nacional
Tipo de Monografia: Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira
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Advertências: 

suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Em caso de cirurgia suspender o uso pelo o menos 24 horas antes. O uso contínuo não deve ultrapassar de 30 a 90 dias sem a orientação de um profissional da saúde qualificado[5,7,25,26,28,32]. Há experiência de sua indicação a partir dos 12 anos, sendo esta prática sempre orientada pelo profissional prescritor[33].

Contraindicações: 

em gestantes, lactantes e alcoólatras. Em pacientes com Doença de Parkinson ou histórico familiar de tremor essencial, portadores de depressão endógena, hepatopatias e doença pulmonar. Cautela o uso em pacientes operadores de máquinas ou motoristas, pois pode afetar negativamente os reflexos motores[4,8,10,17,26,27,29,30,31].

Efeitos colaterais e toxicidade: 

há relatos de quadros de hepatotoxicidade (fraqueza inesperada, perda de apetite e peso, descoloração amarela da conjuntiva do olho e pele, urina escura e fezes incolores), principalmente em doses elevadas. Superdosagem ou uso crônico também pode provocar distúrbios gastrointestinais leves e visuais, ataxia progressiva, astenia, paralisia ascendente, “dermopatia kava”, fotossensibilidade, hiperuremia, hiperbilirrubinemia, hematúria, anemia macrocítica, hipoalbuminemia, linfopenia, trombocitopenia, falta de ar, perda de peso e cabelo, aumento dos reflexos patelares, cefaleia, agitação, sonolência e tremores. As lesões hepáticas podem estar relacionadas a parte da planta utilizada (por exemplo, parte aérea e casca do caule, ricos em alcaloides), adulteração do material vegetal, falta de qualidade nos processos de colheita e armazenamento, bem como aos fatores genéticos[1,3,5,6,7,8,9,10,11,12,13,15,16,17,19,20,21,22,26,30,31].

Interações medicamentosas: 

inibe a atividade das isoenzimas do CYP-450 (CYP1A2, 2C9, 2C19, 2D6, 3A4, 4A9, 4A11 e 2E1). Aumenta o efeito sedativo dos benzodiazepínicos (alprazolan e bromazepam), barbitúricos (fenobarbital e hexobarbital), opioides (oxicodona e propoxifeno), serotoninérgicos, bem como da glutetimida, uretano e etanol. Também pode interagir com a cafeína e medicamentos antiplaquetários. Potencializa a ação dos diuréticos (acetazolamida, amilorida, furosemida, benazepril, captopril, lisinopril, quinapril e ramipril), reduz os efeitos da levodopa, atua como modulador da dopamina (agonista ou antagonista) e inibe a enzima MAO-B, sendo contraindicado o uso simultâneo com outros inibidores da MAO, por exemplo, efedrina, feno-grego, ginko biloba, lúpulus, erva-de-São-João, tirosina, dentre outros. Pode ocorrer sinergismo com Valeriana officinalis para o tratamento da insônia induzida por estresse e com Tanacetum parthenium para os casos de enxaqueca, pode potencializar também o efeito antidepressivo do Hipericum perforatum. Evitar a associação com medicamentos potencialmente hepatotóxicos (esteroides anabolizantes, amiodarona, metotrexato, paracetamol, cetoconazol, betabloqueadores, antidepressivos e antienxaquecosos)[2,4,5,7,8,10,11,14,15,17,18,19,21,22,23,24,25,26,27,28,30,31,33].

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Propagação: 

por estacas do caule (vegetativa) [ 2 ] .

Colheita: 

segundo a sabedoria popular a colheita das partes aéreas da planta deve ser feita preferencialmente pela manhã, na lua cheia ou nova, enquanto que as partes subterrâneas devem ser colhidas na lua minguante, buscando uma maior concentração de princípios ativos [ 3 ] .

Problemas & Soluções: 

a região de cultivo, os aspectos de manejo, a variedade e a idade desta espécie podem influenciar no teor de kavalactonas [ 1 , 2 ] .

Referências bibliográficas

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