Actaea racemosa L.

Cimífuga, erva-de-São-Cristovão, black cohosh e bugbane.

Sinonímia 
Cimicifuga racemosa (L.) Nutt.
Família 
Informações gerais 

Nativa do leste e centro da América do Norte, especialmente no Canadá e Estados Unidos, também pode ser encontrada na China e cultivada na Europa. Suas principais indicações são: anti-inflamatória, analgésica, hipoglicemiante, antirreumática, antitussígena, sedativa, emenagoga, no tratamento da síndrome do climatério, síndrome pré-menstrual, nos distúrbios menstruais (oligo/amenorreia), na infertilidade associada a síndrome do ovário policístico (SOP), coadjuvante no tratamento do câncer de mama, disfunção sexual feminina e osteoporose[1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28].

Referências informações gerais
1 - MOHAPATRA, S. et al. Benefits of black cohosh (Cimicifuga racemosa) for women health: an up-close and in-depth review. Pharmaceuticals (Basel), v. 15, n. 3, p.1-30, 2022. doi: 10.3390/ph15030278
2 - DIETZ, B. M. et al. Botanicals and their bioactive phytochemicals for women's health. Pharmacol Rev, v. 68, n. 4, p.1026-1073, 2016. doi: 10.1124/pr.115.010843
3 - KARGOZAR, R. et al. A review of effective herbal medicines in controlling menopausal symptoms. Electron Physician, v. 9, n. 11, p.5826-5833, 2017. doi: 10.19082/5826
4 - LEACH, M. J.; MOORE, V. Black cohosh (Cimicifuga spp.) for menopausal symptoms. Cochrane Database Syst Rev, n. 9, p.1-91, 2012.  doi: 10.1002/14651858.CD007244.pub2
5 - HEDAOO, K. et al. Exploring the efficacy and safety of black cohosh (Cimicifuga racemosa) in menopausal symptom management. J Midlife Health, v. 15, n. 1, p.5-11, 2024. doi: 10.4103/jmh.jmh_242_23
6 - CASTELO-BRANCO, C. et al. Review & meta-analysis: isopropanolic black cohosh extract iCR for menopausal symptoms - an update on the evidence. Climacteric, v. 24, n. 2, p.109-119, 2021. doi: 10.1080/13697137.2020.1820477
7 - ZEPELIN, H. H. H. 60 years of Cimicifuga racemosa medicinal products: clinical research milestones, current study findings and current development.Wien Med Wochenschr, v. 167, n. 7-8, p.147-159, 2017.  doi: 10.1007/s10354-016-0537-z
8 - WUTTKE, W. et al. The non-estrogenic alternative for the treatment of climacteric complaints: black cohosh (Cimicifuga or Actaea racemosa). J Steroid Biochem Mol Biol, v. 139, p.302-310, 2014. doi: 10.1016/j.jsbmb.2013.02.007
9 - ARENTZ, S. et al. Herbal medicine for the management of polycystic ovary syndrome (PCOS) and associated oligo/amenorrhoea and hyperandrogenism; a review of the laboratory evidence for effects with corroborative clinical findings. BMC Complement Altern Med, v. 14, p.1-19, 2014. doi: 10.1186/1472-6882-14-511
10 - WALJI, R. et al. Black cohosh (Cimicifuga racemosa [L.] Nutt.): safety and efficacy for cancer patients. Support Care Cancer, v. 15, n. 8, p.913-921, 2007. doi: 10.1007/s00520-007-0286-z
11 - MAHADY, G. B. et al. Black cohosh (Actaea/Cimicifuga racemosa): review of the clinical data for safety and efficacy in menopausal symptoms. Treat Endocrinol, v. 4, n. 3, p.177-184, 2005. doi: 10.2165/00024677-200504030-00006
12 - BEER, A. M.; NEFF, A. Differentiated evaluation of extract-specific evidence on Cimicifuga racemosa's efficacy and safety for climacteric complaints. Evid Based Complement Alternat Med, p.1-21, 2013. doi: 10.1155/2013/860602
13 - FAN, C. W. et al. Systematic review of black cohosh (Cimicifuga racemosa) for management of polycystic ovary syndrome-related infertility. J Pharm Pract, v. 35, n. 6, p.991-999, 2022. doi: 10.1177/08971900211012244
14 - BORRELLI, F. et al. Pharmacological effects of Cimicifuga racemosa. Life Sci, v. 73, n. 10, p.1215-1229, 2003. doi: 10.1016/s0024-3205(03)00378-3
15 - DREWE, J. et al. Treat more than heat-New therapeutic implications of Cimicifuga racemosa through AMPK-dependent metabolic effects. Phytomedicine, p.1-17, 2022. doi: 10.1016/j.phymed.2022.154060
16 - SALARI, S. et al. Ethnobotany, phytochemistry, traditional and modern uses of Actaea racemosa L. (black cohosh): a review. Adv Exp Med Biol, p.403-449, 2021. doi: 10.1007/978-3-030-64872-5_24
17 - FRITZ, H. et al. Black cohosh and breast cancer: a systematic review. Integr Cancer Ther, v. 13, n. 1, p.12-29, 2014. doi: 10.1177/1534735413477191
18 - ZENG, L. H. et al. Polycystic ovary syndrome: a disorder of reproductive age, its pathogenesis, and a discussion on the emerging role of herbal remedies. Front Pharmacol, p.1-16, 2022. doi: 10.3389/fphar.2022.874914
19 - KARIMI, S. M. et al. Plant-derived natural medicines for the management of osteoporosis: a comprehensive review of clinical trials. J Tradit Complement Med, v. 14, n. 1, p.1-18, 2023. doi: 10.1016/j.jtcme.2023.08.001
20 - MOLLA, M. D. J. et al. Phytotherapy as alternative to hormone replacement therapy. Front Biosci (Schol Ed), v. 3, n. 1, p.191-204, 2011. doi: 10.2741/s144
21 - VIERECK, V. et al. Black cohosh: just another phytoestrogen? Trends Endocrinol Metab, v. 16, n. 5, p.214-221, 2005. doi: 10.1016/j.tem.2005.05.002
22 - DREWE, J. et al. A systematic review of non-hormonal treatments of vasomotor symptoms in climacteric and cancer patients. Springerplus, v. 4, p.1-29, 2015. doi: 10.1186/s40064-015-0808-y
23 - MAZARO-COSTA, R. et al. Medicinal plants as alternative treatments for female sexual dysfunction: utopian vision or possible treatment in climacteric women? J Sex Med, v. 7, n. 11, p.3695-3714, 2010. doi: 10.1111/j.1743-6109.2010.01987.x
24 - GRUENWALD, J. et al. PDR for Herbal Medicines. Montvale: Economics Company, Inc, 2000, p. 92-94.
25 - EVANS, W. C. Trease and Evans Pharmacognosy. 16 ed. Philadelphia: Saunders, 2009, p. 310.
26 - BARNES, J. et al. Herbal Medicines. 3 ed. London: Pharmaceutical Press, 2007, p. 168-179.
27 - SAAD, G. de A. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021, p. 253-256.
28 - STUTE, P. et al. Transfer of preclinical study data on the influence of Cimicifuga racemosa on functional changes in the hippocampus during menopause. Gynecol Endocrinol, v. 40, n. 1, p.1-8, 2024. doi: 10.1080/09513590.2024.2360066
Descrição da espécie 

Planta perene, ereta, frondosa, caule alto, com 1 a 1,5 m de altura; rizomas cilíndricos, nodosos, espessos, resistentes, enegrecidos, enquanto que as raízes são retas, fortes, marrom-escuras, quadrangulares e sulcadas; folhas grandes, compostas, pinadas, lisas e crenadas-serrilhadas que partem de um rizoma subterrâneo; inflorescência em racemo longo, pedunculado, pendente, com 30 a 90 cm de comprimento, flores brancas, com 3 a 8 pétalas[1,2].

Referências descrição da espécie
1 - SALARI, S. et al. Ethnobotany, phytochemistry, traditional and modern uses of Actaea racemosa L. (black cohosh): a review. Adv Exp Med Biol, p.403-449, 2021. doi: 10.1007/978-3-030-64872-5_24
2 - GRUENWALD, J. et al. PDR for Herbal Medicines. Montvale: Economics Company, Inc, 2000, p. 92.
Etnobotânica
Nome popular Local Parte da planta Indicação Modo de preparo Forma de uso Restrição de uso Referências
- América do Norte (nativos americanos e primeiros colonizadores) Raiz e rizoma (secos)

Antimalárica, antirreumática, antiofídica, no tratamento de mal estar em geral, insônia, anormalidades da função renal, dor de garganta, problemas ginecológicos e como auxiliar no parto.

-

-

-

[ 1 ]
- Espanha (curandeiros tradicionais) -

No tratamento de sintomas da pré-menopausa.

-

-

-

[ 1 ]
- Estados Unidos (Civilização Haudenosaunee) -

Antirreumático e também aplicado na ortopedia.

-

-

-

[ 1 ]
- Reino Unido -

Antiepiléptica.

-

-

-

[ 1 ]
- Suécia -

Como terapia de reposição hormonal em mulheres em que a terapia estrogênica é contraindicada.

-

-

-

[ 1 ]
- Medicina Chinesa -

No tratamento de distúrbios pré-menstruais e do climatério, e do sarampo (fase pré-erupção cutânea).

-

-

-

[ 1 ]
- Europa -

No tratamento de doenças da menopausa e como terapia de reposição hormonal.

-

-

-

[ 1 ]
- Guatemala -

No tratamento de distúrbios da menopausa.

-

-

-

[ 1 ]
- Brasil -

No tratamento da disfunção sexual feminina.

-

-

-

[ 1 ]
- México -

No tratamento de sintomas da menopausa.

-

-

-

[ 1 ]
- Estados Unidos (indígenas norte-americanos) -

No tratamento de dores articulares, mialgias e problemas ginecológicos.

-

-

-

[ 1 ]
- Estados Unidos (povo nativo americano Cherokee) Rizoma

Emenagoga.

-

-

-

[ 2 ]
- Estados Unidos (povo nativo americano Cherokee) Rizoma

Antirreumática, antitussígena e no tratamento dos sintomas de resfriado.

Infusão.

-

-

[ 2 ]
- Estados Unidos (parteiras) -

Utilizada a partir do terceiro trimestre da gestação para preparar a mulher para o parto.

Associação de (“cordial da mãe” ou “partus preparatus”): Cimicifuga recemosa (black-cohosh) Mitchella ripens(cipó-de-Índia), Rubus idaeus (framboesa), Caulophyllum thalictroides (cimicífuga-azul) e Chamaelirium luteum (falso-unicórnio).

-

-

[ 3 ]
- - Raiz e rizoma

Emenagoga, antiespasmódica, sedativa, antirreumática, antiartrítica, no tratamento da osteoartrite, dores musculares e problemas pulmonares (coqueluche).

Decocção: ½ a 1 colher de chá da raiz seca em 1 xícara de água. Ferver por 10 a 15 minutos.

Tomar 1 xícara 3 vezes ao dia.

-

[ 4 ]
- - Raiz e rizoma

Emenagoga, antiespasmódica, sedativa, antirreumática, antiartrítica, no tratamento da osteoartrite, dores musculares e problemas pulmonares (coqueluche).

Tintura.

Tomar 2 a 4 mL 3 vezes ao dia.

-

[ 4 ]
Black cohosh Estados Unidos (nativos americanos) -

Antidismenorreica, antimalárica e no tratamento de problemas renais, indisposição, amigdalite e no trabalho de parto.

-

-

-

[ 5 ]
Black cohosh Nativos americanos (Cherokee) Raiz

Emenagoga, antirreumática, antitussígena e no tratamento de resfriados.

Infusão.

-

-

[ 5 ]
- Europa -

Antirreumática e no tratamento de bronquite, mialgia, nevralgia e alterações menstruais.

-

-

-

[ 5 ]
- Medicina Tradicional Chinesa Rizoma

Anti-inflamatória, analgésica e antipirética.

-

-

-

[ 5 ]
Ulidástĭ útana, black bugbane, black snake root e black cohosh América do Norte (Indígenas) Raiz

Antitérmica (até nos casos de febre amarela) e sudorífica.

-

-

-

[ 6 ]

Referências bibliográficas

1 - SALARI, S. et al. Ethnobotany, phytochemistry, traditional and modern uses of Actaea racemosa L. (black cohosh): a review. Adv Exp Med Biol, p.403-449, 2021. doi: 10.1007/978-3-030-64872-5_24
2 - SETZER, W. N. et al. The Phytochemistry of Cherokee aromatic medicinal plants. Medicines (Basel), v. 5, n. 4, p.1-81, 2018. doi: 10.3390/medicines5040121
3 - MILLS, E. et al. Herbal medicines in pregnancy and lactation an evidence-based approach. United Kingdom: Taylor & Francis Group, 2006, p. 46.
4 - HOFFFMANN, D. O guia completo das plantas medicinais: ervas de A a Z para tratar doenças; restabelecer a saúde e o bem-estar. São Paulo: Cultrix, 2017, p. 416-417.
5 - SAAD, G. de A. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021, p. 254-255.
6 - BARATTO, L. C.; PÄßLER, U. Plants of the USA: recordings on native North American useful species by Alexander von Humboldt. J Ethnobiol Ethnomed, v. 20, n. 1, p.1-17, 2024. doi: 10.1186/s13002-024-00727-3

Anti-inflamatória

Anti-inflamatória
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato aquoso. Concentrações para ensaio: 3 e 6 µg/µL.

In vitro:

Em células mononucleares de sangue periférico de humanos saudáveis (PBMCs), estimuladas por LPS e incubadas com o extrato vegetal, com posterior análise dos níveis séricos e expressão genética de IL-6 e 8, TNF-α e IFN-γ (ELISA e RT-PCR) e viabilidade celular (MTT).

 

O extrato de C. racemosa apresenta atividade anti-inflamatória, devido a redução dos níveis de IL-6, TNF-α e IFN-γ, exceto de IL-8.

[ 6 ]

Antiproliferativa

Antiproliferativa
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato (BNO-1055).

In vitro:

Em cultura de células de câncer de próstata (LNCaP, PC3, DU145 e EP156T) e benignas (RWPE1), incubadas com o extrato vegetal, com posterior análise da viabilidade celular (WST-1), captação e incorporação de nucleotídeos (BrdU e 3H-timidina), expressão e quantificação de transportadores de nucleosídeos (ENT1 e ENT2).

 

O extrato de C. racemosa apresenta atividade antiproliferativa, pois altera a atividade dos transportadores (captação) de nucleosídeos.

[ 13 ]

Ausência de atividadade estrogênica

Ausência de atividadade estrogênica
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato seco (BNO 1055). Concentrações para ensaio: 0,005 a 500 µg/mL.

In vitro:

Em culturas de células de câncer endometrial (HEC-1-A, Ishikawa, RL-95-2 e KLE) e ovariano (Kuramochi e COV362), células normais endometrial (HIEEC) e ovariana (HIO80) incubadas com o extrato vegetal, com posterior análise da expressão ESR1 e 2, HPRT1, HSD17B1 e 2, POLR2A, RPLP0, STS e SULT1E1 (qPCR), citotoxicidade (Azul Tripano) e proliferação celular (Vermelho de Fenol).

 

O extrato de C. racemosa não apresenta efeito estrogênico em células normais ou de câncer do endométrio e ovário.

[ 3 ]
-

Extrato: padronizado com 2,7% de 27-deoxiacteína. Outra espécie em estudo: Trifolium pratense.

In vivo:

Em ratas Wistar ovariectomizadas, tratadas com os extratos vegetais, com posterior análise de parâmetros histológicos do endométrio e imuno-histoquímicos/morfométricos (ERα e Ki67).

Os extratos de C. racemosa e T. pratense reduzem a proliferação endometrial, contudo, apenas o extrato de T. pratense estimula ERα no endométrio.

[ 11 ]

Cardioprotetora

Cardioprotetora
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato isopropanólico. Dose para ensaio: 60 mg/kg (5 mL/kg).

In vivo:

Em ratas Sprague-Dawley ovariectomizadas, tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise do peso corporal e uterino, níveis séricos de estradiol, expressão de DBH e NET em gânglios estrelados (Imuno-histoquímica), níveis de norepinefrina e expressão de β1-AR e CaMK II em homogenato do ventrículo esquerdo (CLAE e Western blotting).

O extrato de C. racemosa apresenta ação no sistema cardiovascular, pois reduz a expressão das proteínas β1-AR e CaMK II, contudo, não altera os níveis de NET e NE.

[ 1 ]

Citoprotetora

Citoprotetora
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz e rizoma

Extrato seco etanólico (Ze 450). Concentrações para ensaio: 1 a 200 µg/mL.

In vitro:

Em cultura de células neuronais (HT22) e hepáticas (HepG2) incubadas com o extrato vegetal e indutores de estresse oxidativo, erastina e RSL-3, com posterior análise da viabilidade e morte celular (MTT e Anexina-V-FITC), peroxidação lipídica, nível de espécies reativas ao oxigênio mitocondrial e morfologia mitocondrial (fluorescência), níveis de ATP (luminescência), medidas de consumo de oxigênio e acidificação extracelular e potencial de membrana mitocondrial.

 

O extrato de C. racemosa apresenta atividade citoprotetora contra o estresse oxidativo, sendo promissor para o tratamento de doenças neuronais e metabólicas.

[ 2 ]

Hipoglicemiante

Hipoglicemiante
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz e rizoma

Extrato seco etanólico (Ze 450). RDE: 7,3:1. Padronizado com: 8,4% de glicosídeos triterpênicos. Concentrações para ensaio (in vitro): 1, 10 e 100 µg/mL. Doses para ensaio (in vivo): 10 a 90 mg/kg.

In vitro:

Em cultura de células HepaRG incubadas com o extrato vegetal, com posterior análise dos níveis de proteína AMPK (ELISA).

 

In vivo:

Em camundongos ob/ob tratados com o extrato vegetal, com posterior análise do teste de tolerância oral à glicose oral e dos níveis plasmáticos de glicose e insulina.

O extrato de C. racemosa apresenta atividade hipoglicemiante promissora, pois ativa a proteína AMPK semelhante a metformina, melhorando metabolismo da glicose e a sensibilidade à insulina.

[ 8 ]

Osteoprotetora

Osteoprotetora
Parte da planta
Extrato / RDD / Padronização
Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
-

Extrato: CR BNO 1055 (Klimadynon®)

In vivo:

Em ratas (SD) ovariectomizadas tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise de parâmetros histológicos (histomorfometria e STRUT) da medula óssea (superfície trabecular, gordura e sistema hematopoiético), isolada da tíbia.

O extrato de C. racemosa reduz o desenvolvimento da osteoporose em ratas ovariectomizadas, possivelmente devido a diminuição dos níveis de gordura na medula óssea, bem como da secreção de citocinas pró-inflamatórias.

[ 4 ]
Rizoma

Extrato (CR BNO 1055).

In vivo:

Em ratas ovariectomizadas e suplementadas com dieta contendo o extrato vegetal, com posterior análise de parâmetros histológicos da articulação do joelho (fêmur/tíbia), níveis séricos de leptina, colesterol e insulina.

O extrato de C. racemosa apresenta resultados promissores na prevenção da Síndrome Metabólica e osteoartrite, devido a redução de tecido adiposo nas articulações.

[ 7 ]
Ensaios toxicológicos

Hepatotoxicidade

Hepatotoxicidade
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Raiz

Extrato seco etanólico. Padronizado com: 2,5% de 27-desoxiacteína. Dose para ensaio: 300 mg/kg.

In vivo:

Em ratos Wistar tratados com o extrato vegetal, com posterior análise de parâmetros bioquímicos (aminotransferases, fosfatase alcalina, gama-glutamil transfpeptidase e bilirrubina), histomorfológicos (microscopia e imuno-histoquímica), apoptose (TUNEL) e níveis de GSH hepáticos.

O extrato de C. racemosa não apresenta hepatotoxicidade, contudo, reduz os níveis de GSH.

[ 5 ]
Raiz

Extrato. Dose para ensaio: 0,6 mg/kg.

In vivo:

Em ratas Wistar ovariectomizadas, portadoras de hipertensão renovascular induzida por obstrução das artérias renais, tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise da pressão arterial, parâmetros bioquímicos (CT, HDL, TG, AST, ALT, VLDL, LDL, glicemia e insulina), histoquímicos hepáticos, níveis de proteínas em homogenato do tecido hepático, captação de oxigênio pelas mitocôndrias hepáticas, atividade da acil-CoA oxidase e catalase, níveis de ERO's, peroxidação lipídica e estresse oxidativo.

O extrato de C. racemosa aumenta o risco de hepatotoxicidade, principalmente, quando se tem uma doença hepática previamente instalada.

[ 9 ]
-

Extrato: material vegetal em etanol a 60% (v/v). RDE: 4,5-8,5:1 (p/p). Concentrações para ensaio (in vitro): 10 a 500 µg/mL. Doses para ensaio (in vivo): 1 a 1000 mg/kg.

In vitro:

Em culturas células de hepatocarcinoma humano (HepG2), incubadas com o extrato vegetal, com posterior análise de citotoxicidade (MTT e LDH), nível intracelular de GSH e GSSG, apoptose/necrose (Anexina V/Propídio), ATP, citocromo c (coloração imuno-histológica) e danos ao DNA (Hoechst).

Em mitocôndrias hepáticas isoladas de ratos Sprague-Dawley, incubadas com o extrato vegetal, com posterior análise do nível de proteína, β-oxidação, consumo de oxigênio e potencial de membrana.

 

In vivo:

Em ratos Wistar submetidos a administração do extrato vegetal, com posterior análise do tecido hepático (microscopia).

O extrato de C. racemosa apresenta hepatotoxicidade, por apoptose, principalmente em pacientes com fatores de risco subjacentes.

[ 10 ]

Osteoprotetora

Osteoprotetora
Parte da planta Extrato / RDD / Padronização Modelo de ensaio in vitro / in vivo Conclusão Referências
Rizoma

Extrato (CR BNO 1055): material vegetal em extrato aquoso/etanólico a 50%. Dose para ensaio: 1,66 g/kg de ração.

In vivo:

Em ratas Sprague-Dawley ovariectomizadas, submetidas a osteotomia metafisária padronizada da tíbia e osteossíntese com placa de titânio, tratadas com o extrato vegetal, com posterior análise da reabsorção e remodelação óssea (microscopia de fluorescência), de testes biomecânicos, histológicos, microradiográficos e expressão gênica.

O extrato de C. racemosa apresenta resultados promissores na consolidação de fraturas ósseas osteopênicas.

[ 12 ]

Referências bibliográficas

1 - LIU, Y. et al. Effects of oestrogen and Cimicifuga racemosa on the cardiac noradrenaline pathway of ovariectomized rats. Exp Physiol, v. 102, n. 8, p.974-984, 2017. doi: 10.1113/EP086285
2 - RABENAU, M. et al. Metabolic switch induced by Cimicifuga racemosa extract prevents mitochondrial damage and oxidative cell death. Phytomedicine, v. 52, p.107-116, 2019. doi: 10.1016/j.phymed.2018.09.177
3 - SINREIH, M. et al. Physiological concentrations of Cimicifuga racemosa extract do not affect expression of genes involved in estrogen biosynthesis and action in endometrial and ovarian cell lines. Biomolecules, v. 12, n. 4, p.1-19, 2022. doi: 10.3390/biom12040545
4 - SEIDLOVA-WUTTKE, D. et al. Osteoprotective effects of Cimicifuga racemosa and its triterpene-saponins are responsible for reduction of bone marrow fat. Phytomedicine, v. 19, n. 10, p.855-60, 2012. doi: 10.1016/j.phymed.2012.05.002
5 - MAZZANTI, G. et al. Effects of Cimicifuga racemosa extract on liver morphology and hepatic function indices. Phytomedicine, v. 15, n. 11, p.1021-1024, 2008. doi: 10.1016/j.phymed.2008.02.023
6 - SCHMID, D. et al. Aqueous extracts of Cimicifuga racemosa and phenolcarboxylic constituents inhibit production of proinflammatory cytokines in LPS-stimulated human whole blood. Can J Physiol Pharmacol, v. 87, n. 11, p.963-972, 2009. doi: 10.1139/y09-091
7 - SEIDLOVA-WUTTKE, D. et al. Cimicifuga racemosa and its triterpene-saponins prevent the Metabolic Syndrome and deterioration of cartilage in the knee joint of ovariectomized rats by similar mechanisms. Phytomedicine, v. 19, n. 8-9, p.846-853, 2012. doi: 10.1016/j.phymed.2012.03.001
8 - MOSER, C. et al. Antidiabetic effects of the Cimicifuga racemosa extract Ze 450 in vitro and in vivo in ob/ob mice. Phytomedicine, v. 21, n. 11, p.1382-1389, 2014. doi: 10.1016/j.phymed.2014.06.002
9 - CAMPOS, L. B. et al. Cimicifuga racemosa impairs fatty acid β-oxidation and induces oxidative stress in livers of ovariectomized rats with renovascular hypertension. Free Radic Biol Med, v. 53, n. 4, p.680-689, 2012. doi: 10.1016/j.freeradbiomed.2012.05.043
10 - LÜDE, S. et al. Hepatic effects of Cimicifuga racemosa extract in vivo and in vitro. Cell Mol Life Sci, v. 64, n. 21, p.2848-2857, 2007. doi: 10.1007/s00018-007-7368-4
11 - ALVES, D. L. et al. Effects of Trifolium pratense and Cimicifuga racemosa on the endometrium of Wistar rats. Maturitas, v. 61, n. 4, p.364-370, 2008. doi: 10.1016/j.maturitas.2008.08.006
12 - KOLIOS, L. et al. Effects of black cohosh (Cimicifuga racemosa) and estrogen on metaphyseal fracture healing in the early stage of osteoporosis in ovariectomized rats. Planta Med, v. 76, n. 9, p.850-857, 2010. doi: 10.1055/s-0029-1240798
13 - DUEREGGER, A. et al. Attenuation of nucleoside and anti-cancer nucleoside analog drug uptake in prostate cancer cells by Cimicifuga racemosa extract BNO-1055. Phytomedicine, v. 20, n. 14, p.1306-1314, 2013. doi: 10.1016/j.phymed.2013.07.009

Dados Químicos
[ 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 ]
Marcador:
27-deoxyacteína ou ácido isoferúlico
Principais substâncias:

Ácidos graxos

oleico e palmítico.

Açúcares

Alcaloides

quinolina, isoquinolina, quinolizidina, anagirina, baptifolina, magnoflorina, citisina, metilcitisina, metilserotonina, indol, guanidina e norbufotenina.

Amidos

Compostos fenólicos

ácidos cafeico, hidroxicinâmico, ferúlico, isoferúlico, fumarólico, rotocatecuico, fucinólico, salicílico, cimicifúgicos (A, B, D, E e F), acético, butírico, fórmico, protocatecuico e p-cumárico, protocatecualdeído, cafeato de metila, éster 1-metílico de ferulato, 1-isoferuloil-β-d-glicopiranosídeo, caempferol (há estudos que dizem da ausência desta substância em C. racemosa), biocanin A, cimicifenol, cimicifenona, cimiracemato A-D e metilcafeato.

Ésteres do ácido cinâmico

ácido fuquiico e ácido piscídico.

Fitosteróis

Flavonoides

formononetina (há estudos que dizem da ausência desta substância em extratos de C. racemosa).

Gomas

Outras substâncias

citrulol, ácido fosfórico, colina e betaína.

Resinas

cimicifugina.

Taninos

Triterpenoides

9,19-cicloartenol, 23-epi-26-desoxiacteína, 26-desoxiacteína, 27-deoxiacteína, acteína, cimiracemosídeos A-H, cimigenol, cimicifugosídeos (H-3, H-4 e H-6), cimiracemo e glicosídeos cicloartano.

Referências bibliográficas

1 - MOHAPATRA, S. et al. Benefits of black cohosh (Cimicifuga racemosa) for women health: an up-close and in-depth review. Pharmaceuticals (Basel), v. 15, n. 3, p.1-30, 2022. doi: 10.3390/ph15030278
2 - DIETZ, B. M. et al. Botanicals and their bioactive phytochemicals for women's health. Pharmacol Rev, v. 68, n. 4, p.1026-1073, 2016. doi: 10.1124/pr.115.010843
3 - NICOLETTI, M. A. et al. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. Infarma, v. 19, n. 1/2, 2007.
4 - SAAD, G. de A. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021, p. 253.
5 - NUNTANAKORN, P. et al. Polyphenolic constituents of Actaea racemosa. J Nat Prod, v. 69, n. 3, p.314-318, 2006.  doi: 10.1021/np0501031
6 - WATANABE, K. et al. Cycloartane glycosides from the rhizomes of Cimicifuga racemosa and their cytotoxic activities. Chem Pharm Bull (Tokyo), v. 50, n. 1, p.121-125, 2002. doi: 10.1248/cpb.50.121
7 - MIMAKI, Y. et al. Neocimicigenosides A and B, cycloartane glycosides from the rhizomes of Cimicifuga racemosa and their effects on CRF-stimulated ACTH secretion from AtT-20 cells. J Nat Prod, v. 69, n. 5, p.829-832, 2006. doi: 10.1021/np058127v
8 - BITTNER, M. et al. Profiles of phenolic acids and triterpene glycosides in commercial and cultivated black cohosh. Planta Med, v. 85, n. 14-15, p.1160-1167, 2019. doi: 10.1055/a-0981-4287

Propagação: 

as sementes apresentam dormência e devem ser submetidas a pré-tratamentos com temperatura baixas, de 4 a 13°C. A adição de ácido giberélico (4 mg/L) favorece o desenvolvimento das folhas quando aplicado antes do tratamento a frio ou logo após o início da germinação [ 2 ] .

Colheita: 

as raízes e os rizomas devem ser colhidos após o amadurecimento dos frutos.  A melhor época de colheita ocorre nos meses de maio até junho, quando se obtém os maiores teores de glicosídeos triterpênicos e ácido isoferúlico. As raízes e rizomas devem ser cortados em sentido longitudinal, e colocados para secar cuidadosamente [ 1 , 2 ] .

Pós-colheita: 

por razões práticas a temperatura ideal é de 60 ± 8°C, contudo, temperaturas entre 80 e 105°C não influenciaram significativamente o teor dos compostos fenólicos [ 2 ] .

Referências bibliográficas

1 - HOFFFMANN, D. O guia completo das plantas medicinais: ervas de A a Z para tratar doenças; restabelecer a saúde e o bem-estar. São Paulo: Cultrix, 2017, p. 416.
2 - POPP, M. et al. Cultivation of Cimicifuga racemosa (L.) nuttal and quality of CR extract BNO 1055. Maturitas, v. 44, n. Suppl 1, p.S1-S7, 2003.  doi: 10.1016/s0378-5122(02)00343-2

Parceiros